Uma nota de esclarecimento foi divulgada pelas entidades, devido ao grande número de informações sobre o uso de altas doses de Vitamina D como estratégia de otimização de imunidade frente ao novo coronavírus (COVID-19).
Preocupadas com as indicações de altas doses da vitamina, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) divulgaram uma nota sobre a Vitamina D e Covid-19.
Segundo a nota, a SBEM, por meio de seu Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral, e a Abrasso, manifestaram repúdio às recomendações para uso de altas doses de colecalciferol (vitamina D3) como estratégia de otimização de imunidade frente ao novo coronavírus (COVID-19).
“Na dúvida, consulte seu médico de confiança, mesmo por meio de telemedicina. Mas não siga recomendações sobre a COVID-19 que não estejam expressamente recomendadas pelas autoridades oficiais”.
“As possíveis ações extra-esqueléticas da vitamina D são temas de interesse científico. Entretanto, não existe, até o presente momento, nenhuma indicação aprovada para prescrição de suplementação de vitamina D visando efeitos além da saúde óssea”.
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Estudo na Universidade de Turim:
Recentemente o Jornal italiano, “La Reppublica” publicou uma matéria sobre um estudo realizado na Universidade de Turim, o qual relaciona a hipovitaminose D a Covid-19, uma vez que parte dos pacientes com o vírus apresentavam níveis baixos de 25-hidroxivitamina D (25OHD).
As entidades reclamam que, baseadas nesta informação, a reportagem sugere que a vitamina D poderia atuar na prevenção e no tratamento ao COVID-19.
“Este estudo ainda não foi publicado em nenhuma revista científica, não tendo sido disponibilizados os dados mais relevantes como número de participantes, idade dos pacientes e os níveis de 25OHD no sangue”, esclarece a nota.
Veja mais tópicos da nota:
► Não causa surpresa o achado de níveis séricos mais baixos de 25OHD em pacientes com formas moderadas a graves da COVID-19, já que as comorbidades apresentadas comumente por esses indivíduos (por exemplo, doenças crônicas, doenças inflamatórias, obesidade e diabetes) são primariamente ASSOCIADAS à deficiência de vitamina D.
► Esta associação NÂO determina causalidade, ou seja, NÃO indica relação de causa x efeito, e NENHUM estudo clínico randomizado já demostrou qualquer benefício do uso de vitamina D para prevenção ou tratamento da Covid-19.
► As entidades alertam para recomendações infundadas sobre suplementação de Vitamina D na prática clínica, colocando inclusive, de maneira irresponsável, o Posicionamento da SBEM de 2014 sobre esse tema como uma de suas referências.
ATENÇÃO:
Altas doses de colecalciferol, como as 600.000 unidades indicadas pela ABRAHOF como dose de ataque, são sabidamente deletérias ao esqueleto, promovendo aumento da reabsorção óssea e do risco de quedas e fraturas. Além disso, essas doses excessivas podem agudamente desencadear hipercalcemia e hipercalciúria, com consequentes riscos de insuficiência renal, crises convulsivas e morte.
“Dessa forma, reforçando o compromisso da SBEM e da ABRASSO com a divulgação de informações corretas, relevantes e com respaldo científico, reprovamos de maneira veemente qualquer profissional ou associação que tente se aproveitar deste momento de crise para divulgar notícias ou posicionamentos distorcidos, desprovidos de respaldo científico e com possível impacto deletério para a saúde da população brasileira”, finaliza a nota.
Diante da preocupação das entidades, fica meu conselho:
“O uso de polivitamínicos não protege do contágio do Novo Coronavírus. A verdadeira proteção se faz com os cuidados de higiene e o isolamento social, principalmente para os grupos de risco. Consulte seu médico em relação ao uso de alguma vitamina em suplementação.”